Este é o meu primeiro pensamento neste blog. Resolvi cria-lo para expor minhas idéias, levantar questões e propor conjecturas.
Quando o edifício liberdade caiu no Rio de Janeiro, na rua 13 de maio, eu acompanhei as notícias. Já passado um ano, não consegui ver nada de muito diferente. Ainda não entendo se eles conseguiram achar as plantas, projetos de construção e de modificação do edifício. Mas eu achei um laudo feito por um engenheiro
Ainda não está claro para mim se o prédio era puramente de concreto armado com vigas e pilares para sustentação estrutural, ou se existiam elementos de alvenaria estrutural. Portanto, eu começarei a escrever pensando que havia ambos os elementos, cada um fazendo sua parte. Citarei alguns outros artigos que achei na internet, mas não necessariamente os linkarei. Lembrando que não estudei sobre concreto (só conhecimento superficial), então posso falar algumas besteiras.
Primeiro: Qual o papel da alvenaria estrutural no edifício liberdade? Ao que parece, os relatos informam que existiam paredes estruturais. Elas foram retiradas, mas o prédio não caiu de imediato. Ou seja, elas não eram tão necessárias para a sustentação do edifício.
Segundo: O laudo diz que é muito provável que a ruptura tenha ocorrido no 15º andar do edifício. Concordo com essa hipótese, senão o prédio iria cair sobre o teatro municipal.
Na primeira situação, alguns textos que encontrei na internet informaram que a introdução do concreto armado nas construções do brasil é recente (década de 30), e que na década de 40 ainda existiam situações em que alguns elementos da alvenaria estrutural eram utilizados. E parece que foi este o caso do edifício liberdade, ao utilizar concreto armado e algumas paredes estruturais. Como atualmente um prédio em concreto armado não utiliza elementos de alvenaria na sustentação, torna-se plausível o motivo pelo qual o síndico, a empresa e os "pedreiros" derrubaram algumas paredes estruturais, pensando que eram desnecessárias. E creio que não foram os únicos que fizeram isso ao longo dos 70 anos de história do edifício. E como o prédio não ruiu na demolição das paredes e o ponto de ruptura provável se deu no 15º andar, elas realmente não tinham papel para sustentação, ou eram apenas reserva de segurança (que naquela época era maior ainda segundo relatos). Mas nem só de peso gravitacional um prédio cai.
Segundo relatos era possível ver que havia deformações significativas no prédio, visto que alguns rebocos desprendiam-se e algumas portas não mais fechavam ou abriam. Até fissuras nas lajes estavam ocorrendo. Isto a meu ver ocorreu devido aos deslocamentos laterais, e não devido a sobrecargas. E cada vez ia piorando porque o prédio já estava um pouco tombado devido à construção do metro na década de 70
O prédio é alto e esbelto em relação ao lado que tombou (vamos chamar de eixo y a menor inércia do prédio). Além disso, ao que dizem, foi projetado para 15 andares e construído 20. Uma idéia que tive é que as paredes estruturais tinham na verdade o efeito de aumentar a rigidez em y (rigidez lateral). E cada vez que elas eram derrubadas, essa rigidez diminuía (apesar de, provavelmente, os pilares terem a capacidade de suportar toda a carga gravitacional do prédio). Assim, com o agravo do tombamento da década de 70, a retirada das paredes estruturais fez com que o prédio alcançasse deformações incompátiveis. Este link: http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/7985/7985_3.PDF comenta o efeito contraventante (efeito de rigidez lateral) das paredes estruturais.
Concluindo, eu diria que a queda do edifício liberdade se deve ao deslocamento lateral ocorrido na década de 70 em adição à diminuição da rigidez lateral no eixo y devido à retirada das paredes estruturais. Isso a meu ver mostraria o porquê da ruptura nos andares altos (e não no nono andar, onde foram retirados as paredes), visto que os maiores deslocamentos laterais estão exatamente nesses andares. O desprendimento de reboco visto por testemunhas durante o desabamento do edifício aponta que o prédio deve ter tido um deslocamento significativo e rápido antes da queda abrupta (observe no word trade center como ele cai de uma vez quando o pilar falha). Não sei qual é o estado limite que ocorre quando os deslocamento laterais no concreto chegam a níveis altos, mas chuto uma fratura devido a grandes deformações (diferente de um esmagamento por compressão do pilar).
Espero não ter falado nenhuma besteira grotesca, e se falei, por favor me corrijam. Outras idéias também são bem-vindas. Lembrando mais uma vez que nossas informações são escassas para realmente chegarmos a uma conclusão definitiva e verdadeira.